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Como em todos os tipos de doenças oncológicas, existem muitos tipos de Câncer de Ovário, cada um com um prognóstico e tratamento diferente. 

É muito importante estar informada sobre essa condição como parte dos cuidados com sua saúde!

Identificando o câncer de ovário

Até o presente momento, não há nenhum exame de rastreamento eficaz para detecção precoce do “Câncer de Ovário”.

Normalmente, a detecção de tumores suspeitos ocorre acidentalmente em exames de rotina ou após início de sintomas quando a doença já pode estar em estágio mais avançado.

Como é feita a suspeita de câncer de ovário?

O médico deve suspeitar de câncer de ovário quando cistos ovarianos apresentam algumas características como:

  • história familiar de mutações genéticas conhecidas que aumentem o risco para a doença;
  • história de câncer de ovário prévio na família;
  • características do tumor no exame de imagem, como septos, projeções papilíferas, tamanho > 10 cm e presença de áreas sólidas;
  • presença de ascite (líquido dentro da barriga);
  • exames de sangue, chamados de marcadores tumorais, alterados.

Principais sintomas do câncer de ovário

Os sintomas geralmente não aparecem nos estágios iniciais do câncer de ovário, de forma que ele se manifesta inicialmente de maneira silenciosa em muitos casos.

Quando os sinais começam, eles podem incluir, por exemplo:

  • aumento do volume abdominal;
  • constipação, sensação de empachamento;
  • dor abdominal.

Diagnóstico e tratamento cirúrgico do câncer de ovário

Diferentemente de outros tipos de câncer,  por conter uma parte cística (ou seja, uma ‘bolsinha d’água’), na maioria das vezes não é realizada biópsia de tumores ovarianos.

Existe um risco de perfuração do cisto com extravasamento do líquido contido para a cavidade abdominal e, consequentemente, de disseminação das células cancerígenas presentes neste líquido.

Portanto, o diagnóstico definitivo é dado somente após análise do material retirado durante um procedimento cirúrgico de retirada completa do cisto ou ovário.

Em muitos casos, é possível realizar a análise do material retirado  no mesmo momento da cirurgia  por um método que chamamos de congelação intraoperatória.

Nesse método, um médico patologista analisa o material retirado pelo cirurgião, o ‘congela’ e avalia pequenos fragmentos no microscópio.

Durante a ‘congelação’, são procurados elementos que podem confirmar ou afastar a possibilidade de câncer, bem como tentar definir a origem do tumor de ovário.

Contudo, nem sempre há a possibilidade de chegar a uma conclusão no intraoperatório (ou seja, enquanto a paciente ainda está no centro cirúrgico e anestesiada), sendo necessário aguardar exames mais detalhados posteriores.

Quando a congelação é possível, em caso de confirmação de malignidade de um  tumor ovariano, pode existir indicação de continuar a cirurgia, tornando-a mais extensa.

A cirurgia para tumores malignos de ovário (ou cânceres de ovário), pode envolver  a retirada de outros órgãos pélvicos como útero, trompas bilaterais, ovários bilaterais, peritônio, omento e linfonodos (gânglios de drenagem) e quaisquer outros órgãos com suspeita de acometimento pela doença.

Quando a congelação é inconclusiva ou benigna, em geral a cirurgia acaba após retirada da trompa e do ovário acometidos  ou apenas do  cisto ovariano, havendo preservação do ovário e da trompa.

Nestes casos, é aguardado o resultado definitivo e mais completo além de testes imunohistoquímicos, podendo ou não haver a indicação de uma reabordagem cirúrgica a depender do resultado anatomopatológico mais completo, chamado de ‘parafina’.

Como em muitos casos não há como definir quanto à benignidade ou malignidade dos tumores até o procedimento cirúrgico, deve haver cuidado extremo para não romper o cisto dentro do abdome da paciente durante a manipulação médica.

Para isso, existem técnicas específicas por técnicas minimamente invasivas (consulte seu cirurgião!)

Tumores Borderline de ovário

Tumores borderline são um tipo específico de câncer de ovário, que geralmente apresenta crescimento lento e pouca invasão de outros órgãos.

É um tipo de câncer em que a quimioterapia é raramente utilizada e, por vezes, permite uma abordagem cirúrgica mais conservadora.

Contudo, é necessário realizar vigilância constante com exames de imagem e marcadores tumorais, uma vez que os tumores borderline podem apresentar recidiva ou progressão para cânceres mais agressivos.

Tumores metastáticos no ovário

Nem todo tumor de ovário tem origem no trato reprodutivo feminino.

Cânceres de mama, trato gastrointestinal e outros tipos de câncer ginecológicos podem apresentar metástase, podendo se espalhar para as estruturas ovarianas.

Dependendo da suspeita clínica, podem ser necessários exames adicionais como mamografia, colonoscopia e endoscopia do trato digestivo.

O tratamento do câncer de ovário

O tratamento dos cânceres de ovário depende do subtipo e do estágio (quão avançado é o tumor) no momento do  diagnóstico, além da idade da paciente e desejo reprodutivo. Na maioria das vezes, o tratamento envolve uma combinação entre cirurgia e quimioterapia, que podem ser feitas em ordens diferentes.

Em tumores muito iniciais ou tumores borderline, muitas vezes a quimioterapia pode ser dispensada.

Já em tumores benignos não há tratamento adicional além do cirúrgico.

A depender da expertise do cirurgião, do tamanho do tumor, dos achados de imagem, da suspeita para malignidade e das condições clínicas dos pacientes, a cirurgia pode ser realizada por via minimamente invasiva (laparoscopia ou robótica) ou por via laparotômica (cirurgia aberta, com corte).

Preservação da fertilidade no câncer de ovário

A preservação da fertilidade em pacientes com tumores ovarianos é possível em alguns casos.

Pode ser realizada a captação e o congelamento de óvulos, sem prejuízo ao tratamento do tumor quando há alto risco de perda de um ou de ambos os ovários.

Em outros casos, como nos tumores borderline e benignos, pode ser  possível realizar apenas a retirada do cisto.

Cada caso deve ser analisado individualmente por um ginecologista com experiência em cirurgia oncológica e discutido com a paciente, pois a escolha por uma cirurgia mais conservadora poderá afetar a chance do tumor voltar.

Por outro lado, a retirada dos ovários bilateralmente, além da infertilidade, leva à menopausa, que comumente traz alguns outros efeitos colaterais desagradáveis. Converse com um profissional de confiança para identificar a melhor alternativa no seu caso!

Essas foram as considerações principais sobre o câncer de ovário. Você não está sozinha no cuidado com a sua saúde: não deixe de buscar profissionais com quem você se sinta à vontade.

Ficou com alguma dúvida? Entre em contato para agendar uma consulta!

Dra. Paula Deckers

Ginecologista Obstetra

Especialista em Endoscopia Ginecológica / Cirurgia minimamente invasiva

Ginecologista Oncológica

CRM: 168500 – SP | RQE 114443

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