O papel da genética no risco de Câncer no Colo do Útero
O Câncer no Colo do Útero é o quarto tipo de câncer mais comum entre mulheres em todo o mundo.
Enquanto a infecção persistente pelo Papilomavírus Humano (HPV) é reconhecida como o principal fator de risco, estudos mostram que fatores genéticos desempenham um papel significativo na suscetibilidade ao desenvolvimento da doença.

Este artigo explica como a genética influencia o risco de câncer do colo do útero, destacando o papel de variações genéticas, mecanismos imunológicos e interações com fatores ambientais.
Continue a leitura para saber mais sobre o assunto!
A influência do HPV no desenvolvimento do câncer
Cerca de 70% dos casos de “Câncer no Colo do Útero“ estão associados à infecção pelo HPV, especialmente pelos subtipos de alto risco, como o HPV-16 e o HPV-18.
O vírus promove alterações celulares ao integrar seu material genético ao DNA humano, resultando na produção das proteínas virais E6 e E7.
Essas proteínas inativam os genes supressores de tumor p53 e Rb, permitindo o crescimento descontrolado das células.
No entanto, a maioria das mulheres infectadas pelo HPV não desenvolve câncer, o que sugere que outros fatores, incluindo predisposição genética, são cruciais para a progressão da doença.
Polimorfismos genéticos e suscetibilidade
Os polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs) são variações genéticas comuns que podem influenciar a resposta imunológica ao HPV.
Alguns SNPs em genes específicos foram associados a um risco aumentado de câncer do colo do útero, como:
- Gene TP53: Mutação no gene TP53, que codifica a proteína supressora de tumor p53, pode comprometer sua capacidade de reparar danos no DNA.
- Genes HLA (antígenos leucocitários humanos): Esses genes estão envolvidos na apresentação de antígenos para o sistema imunológico. Certos alelos HLA estão associados a uma resposta imune menos eficaz contra o HPV, aumentando a persistência viral.
- Genes relacionados ao reparo do DNA: Alterações em genes como XRCC1, XRCC3 e ERCC1, que desempenham papéis no reparo de danos ao DNA, podem reduzir a capacidade de corrigir mutações induzidas pelo HPV, favorecendo o desenvolvimento do câncer.
O papel do sistema imunológico e fatores hereditários
O sistema imunológico desempenha um papel crucial na eliminação do HPV.
No entanto, a capacidade de combater o vírus varia entre indivíduos devido a diferenças genéticas em genes imunorreguladores:
- Genes interleucina (IL): Variantes em genes que codificam interleucinas, como IL-6 e IL-10, podem afetar a resposta inflamatória ao HPV.
- Fatores hereditários: Estudos em famílias e gêmeos sugerem que a suscetibilidade ao câncer do colo do útero possui um componente hereditário. Filhas de mulheres com histórico da doença apresentam maior risco, mesmo após controle de fatores ambientais.
Interação entre genética e fatores ambientais
A interação entre predisposição genética e fatores ambientais é fundamental para a progressão do câncer. Mulheres com polimorfismos específicos podem ser mais vulneráveis a fatores externos, como:
- Tabagismo: O fumo intensifica os danos ao DNA e afeta negativamente o sistema imunológico, agravando os efeitos de variações genéticas.
- Deficiência nutricional: A falta de nutrientes em forma grave pode prejudicar o reparo do DNA, exacerbando o impacto de mutações genéticas.
- Presença concomitante de outras ISTs: ter outras ISTs como clamídia, gonorreia, tricomoníase etc. não só facilita a infecção por HPV, como pode dificultar o combate do vírus.
Implicações para a prevenção e o tratamento
Compreender o papel da genética no câncer do colo do útero oferece novas possibilidades para a prevenção e o tratamento da doença:
Prevenção personalizada
Mulheres com maior predisposição genética podem se beneficiar de estratégias de rastreamento intensificado, como exames mais frequentes de Papanicolau e testes de HPV.
Terapias direcionadas
A identificação de mutações genéticas específicas permite o desenvolvimento de terapias-alvo, como inibidores de moléculas associadas à proliferação tumoral.
Vacinas terapêuticas
Pesquisas estão em andamento para criar vacinas que estimulem uma resposta imunológica específica contra proteínas virais e oncoproteínas associadas ao câncer.
Embora o HPV seja o principal fator de risco para o câncer do colo do útero, fatores genéticos desempenham um papel muito importante na determinação da suscetibilidade e progressão da doença.
Se você deseja saber mais sobre sua predisposição genética ao câncer do colo do útero ou sobre como preveni-lo, agende uma consulta. O conhecimento é um poderoso aliado na sua saúde!
Ginecologista Obstetra
Especialista em Endoscopia Ginecológica / Cirurgia minimamente invasiva
Ginecologista Oncológica
CRM: 168500 – SP | RQE 114443
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