Gravidez Ectópica
A gravidez ectópica é uma gestação em que a nidação (implantação do óvulo fecundado por espermatozóide) acontece fora da cavidade do corpo do útero.
O local mais comum de gestações ectópicas é a tuba uterina (ou trompa de falópio). Isso porque, geralmente, é na tuba que ocorre a fecundação do óvulo. O embrião deveria, então, ser “empurrado” para a cavidade uterina por estruturas dentro da própria trompa, chamadas fímbrias, que parecem com cílios.
Entretanto, a gravidez ectópica também pode ocorrer no ovário, na cavidade abdominal (chamada de gestação abdominal) ou até mesmo percorrer o trajeto da trompa adequadamente, mas se implantar no útero fora da cavidade endometrial (ficando no colo do útero – cervical, ou no corpo do útero – intersticial e intramural).
Como é feito o diagnóstico da gravidez ectópica?
O diagnóstico geralmente é feito associando-se um exame de imagem — como o ultrassom — e a dosagem do hormônio da gravidez — o beta HCG — no sangue. Às vezes, é necessário repetir esses exames de forma seriada para se ter o diagnóstico definitivo.
Quem tem chance de desenvolver uma gravidez ectópica?
Os principais fatores de risco para a gestação ectópica são:
- Gravidez ectópica anterior;
- Cirurgia prévia nas tubas;
- Antecedente de infecção do útero, trompas ou pelve;
- Condições que levam à alteração do formato da tuba, ex: hidrossalpinge;
- Uso de contracepção de emergência (pílula do dia seguinte);
- Tabagismo;
- Gestação ocorrida por falha de DIU;
- Gravidez decorrente de fertilização assistida.
Quais são os sintomas de uma gravidez ectópica?
Geralmente há atraso menstrual e/ou sintomas da gravidez associados a:
- Dor abdominal e pélvica;
- Sangramento vaginal;
- Dor ao se mobilizar o útero (pode ocorrer durante relação sexual ou exame feito por um médico);
- Presença de tumoração na pelve (identificado em exame físico ou exame de imagem);
TODOS OS SINTOMAS ACIMA podem ocorrer em várias outras situações e devem ser avaliados em contexto por um médico para determinar a real etiologia das queixas.
Como é feito o tratamento da gravidez ectópica?
A gravidez ectópica (exceto em alguns casos muito raros) é uma gravidez que deve ser interrompida, pois representa alto risco de vida para a gestante. O desenvolvimento e crescimento de um embrião fora do útero podem levar à dilatação progressiva e à ruptura da estrutura em que a gravidez se implantou, ocasionando quadros de hemorragias internas graves.
Existem vários tratamentos disponíveis diante da ocorrência de uma gravidez ectópica.
Algumas vezes ocorre a própria parada de desenvolvimento daquela gestação, com metabolização e absorção gradual dos componentes da gravidez (exemplo: aborto tubáreo). Nesses casos, o tratamento pode ser realizado apenas com observação, mas deve incluir exames periódicos.
O tratamento também pode ser feito com cirurgia, em que se retira preferencialmente por videolaparoscopia (cirurgia pouco invasiva) a estrutura em que está a gestação ectópica.
Existem casos de exceção, podendo haver a tentativa de preservação da tuba ou do ovário em que a gravidez se implantou, retirando-se apenas o saco e o embrião da gestação ectópica. Todavia, a chance de recorrência de uma nova gravidez ectópica no mesmo local não é desprezível. Devido aos riscos possíveis, essa opção é reservada para alguns casos apenas e deve ser ponderada com muita cautela por paciente e médico.
Em situações de emergência, em que as condições maternas não estão adequadas ou em que já houve uma hemorragia maciça, a cirurgia deve ser realizada por via aberta (corte na barriga).
Por último , existe a possibilidade de tratamento medicamentoso. A substância mais utilizada inibe a replicação celular, às vezes usada como quimioterápico ou em doenças reumatológicas, chamada metotrexate. É um tratamento que possui efeitos colaterais e que pode precisar ser interrompido por ser tóxico ao organismo. Além disso, existem condições muito específicas para que esse tipo de tratamento possa ser realizado e ele não pode ser oferecido para todas pacientes.