Cisto no ovário pode afetar a fertilidade? entenda as conexões
Um Cisto no Ovário é um saco ou bolsa cheio de líquido que se desenvolve nessa estrutura, sendo uma condição comum entre mulheres em idade reprodutiva.
Embora muitos cistos sejam benignos e apresentem resolução espontânea, alguns tipos podem influenciar a saúde reprodutiva e a fertilidade.
Este artigo explora as conexões entre cistos ovarianos e fertilidade, ajudando a entender quando essa condição pode se tornar uma preocupação. Continue a leitura e confira!
A relação entre cisto no ovário e fertilidade
A relação entre cistos no ovário e fertilidade é complexa, variando conforme o tipo de cisto e a maneira como ele interage com as funções reprodutivas do corpo.
Vamos descobrir como esses cistos podem afetar a capacidade de uma mulher engravidar e quais tratamentos estão disponíveis para mitigar esse impacto.
Tipos de cistos ovarianos e suas implicações para a fertilidade
Os cistos ovarianos são classificados em diversos tipos, cada um com diferentes implicações para a fertilidade:
- Cistos funcionais, ‘normais’, que fazem parte do ciclo menstrual natural:
- Foliculares: Normalmente se formam durante o ciclo menstrual e geralmente desaparecem por conta própria.
- Corpus luteum ou corpo lúteo: Ocorrem após a liberação do óvulo e raramente afetam a fertilidade a longo prazo.
- Cistos patológicos:
- Endometriomas: Associados à endometriose, esses cistos são particularmente conhecidos por potencialmente afetarem a fertilidade e por causarem dor pélvica.
- Cistadenomas: Podem crescer grandes e causar distorção da anatomia pélvica e destruir boa parte do ovário funcionante.
- Dermóides ou teratomas: Raramente afetam a fertilidade, a menos que causem torção ovariana. Cerca de 10-30% dos casos podem recorrer, mesmo após operados, porém geralmente requerem intervenção cirúrgica.
- Outros tipos de tumores de ovário benignos (não câncer) e malignos (câncer): podem crescer distorcendo o parênquima ovariano e podem ser tumores produtores de hormônios capazes de afetar a fertilidade, embora isso seja mais raro. Eles também podem romper, provocando hemorragias internas, ou torcer (a depender do tamanho e características).
- Câncer de ovário: pode requerer retirada de um ou de ambos os ovários a depender do estadio inicial da doença, da idade da paciente e do tipo histológico do câncer apresentado.
A presença de cistos funcionais é frequentemente considerada normal e raramente exige intervenção médica.
No entanto, os cistos patológicos podem necessitar de tratamento, devido ao seu potencial de complicações.
Diagnóstico e impacto na fertilidade
O diagnóstico de “Cisto no Ovário” geralmente ocorre durante um exame de ultrassom rotineiro, muitas vezes identificado incidentalmente.
O impacto desses cistos na fertilidade dependerá de vários fatores, como:
- Tamanho e localização: Cistos maiores podem pressionar outros órgãos reprodutivos, potencialmente interferindo na ovulação ou na implantação do óvulo fertilizado.
- Torção ou ruptura: podem levar a quadros de urgência com necessidade de retirada parcial ou completa do ovário afetado.
- Produção de hormônios: tumores produtores de hormônios podem interferir na fertilidade.
- Tipo histológico: alguns tumores benignos, como endometriomas e alguns tumores malignos, estão associados à produção de substâncias inflamatórias que podem afetar a fertilidade, criando um ambiente pouco propício para a nidação, fecundação e desenvolvimento embrionário.
Tratamentos disponíveis para cisto no ovário
Dependendo do tipo suspeitado e do impacto dos cistos sobre a fertilidade, o tratamento pode variar significativamente. A idade da paciente e características do cisto são analisadas pensando no objetivo de preservar a saúde reprodutiva e a produção hormonal das pessoas que ainda não estão na menopausa.
São caminhos passíveis de análise em cada caso:
- Observação: Muitos casos de cisto no ovário, especialmente dos funcionais que surgem como parte do ciclo menstrual normal, não requerem intervenção médica nenhuma. Esses cistos são frequentemente monitorados com ultrassonografias periódicas para verificar se se resolvem espontaneamente. Esta abordagem é escolhida quando os cistos são assintomáticos e parecem não ter características suspeitas nas imagens. A observação cuidadosa ao longo de vários ciclos menstruais permite aos médicos garantir que não haja mudanças inesperadas que possam exigir uma ação mais assertiva.
- Medicação: Para cistos recorrentes, como cistos hemorrágicos de repetição, rotos ou não, que podem interferir com a função reprodutiva, tratamentos hormonais são frequentemente recomendados até a decisão de efetivamente iniciar as tentativas de gestação. Estes medicamentos, como contraceptivos hormonais que bloqueiam a ovulação (pílulas, injeções, adesivos, aneis vaginais contraceptivos, implantes contraceptivos, etc), podem prevenir a formação de novos cistos. Ao suprimir a ovulação, esses tratamentos reduzem a probabilidade de formação de cistos funcionais, incluindo os cistos hemorrágicos. Além disso, alguns contraceptivos e alguns hormônios não contraceptivos podem ser utilizados para tratamento conservador de cistos associados à endometriose, chamados endometriomas.
- Cirurgia: Nos casos em que os cistos são grandes, causam dor significativa ou são persistentes, apresentam suspeita de malignidade, ou apresentam características que favorecem torção ou ruptura, a intervenção cirúrgica pode ser necessária. A cirurgia laparoscópica é frequentemente a técnica de escolha devido à sua natureza minimamente invasiva. Este procedimento permite a remoção de cistos com mínima perturbação dos tecidos saudáveis circundantes, preservando assim a reserva ovariana. Além disso, a laparoscopia pode ser utilizada para investigar e tratar outros problemas pélvicos que podem coexistir, como aderências ou endometriose, que também podem afetar a fertilidade. Contudo, a laparoscopia nem sempre é possível, principalmente em se tratando de suspeitas de câncer. Além disso, mesmo que seja feita abordagem laparoscópica ou robótica (minimamente invasiva), é FUNDAMENTAL realizar o procedimento com um cirurgião ou cirurgião que esteja familiarizado com os princípios oncológicos de cirurgias, como ginecologistas oncológicos, para que não sejam utilizadas técnicas em que possa haver subtratamento ou tratamentos que possam prejudicar / espalhar um tumor existente. Além disso, em alguns tipos de tumor e alguns tipos de câncer, com alguns cuidados pré operatórios como congelamento de óvulos e com técnicas cirúrgicas, é possível preservar a fertilidade a depender do caso.
Cada opção de tratamento é cuidadosamente considerada com base nas circunstâncias individuais da paciente, visando a preservação máxima da sua fertilidade e bem-estar geral.
Considerações finais sobre fertilidade e cistos ovarianos
Embora a presença de cistos nos ovários possa ser preocupante, é importante notar que muitos tipos de cistos têm pouco ou nenhum impacto duradouro na fertilidade.
No entanto, condições como endometriomas exigem atenção especial devido ao seu potencial para causar danos mais significativos.
Cistos grandes, com vários septos e cistos com componentes sólidos ou papilas, devem sempre ser acompanhados por um ginecologista com expertise em cirurgia e princípios oncológicos, por apresentarem maiores chances de terem complicações (ruptura e torção) e por estarem mais associados à presença de tumores malignos (câncer), que necessitam de tratamento cirúrgico rápido.
Mulheres com cistos ovarianos devem discutir suas opções com um ginecologista que pode fazer um atendimento conjunto com um colega especialista em fertilidade para entender melhor as implicações específicas de sua condição e os tratamentos disponíveis.
A intervenção precoce e o manejo adequado contribuem muito para preservar a fertilidade. Não deixe de fazer consultas regulares e exames de check-up!
Mantendo-se informada e procurando orientação médica adequada, é possível gerenciar a condição de cisto no ovário com sucesso.
Visite o meu site para mais informações e agende sua consulta para conversarmos pessoalmente! Você pode marcar o seu horário entrando em contato pelo WhatsApp.
Dra. Paula Deckers
Ginecologista Obstetra
Especialista em Endoscopia Ginecológica / Cirurgia minimamente invasiva
Ginecologista Oncológica
CRM: 168500 – SP | RQE 114443
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